O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Regional de Uberlândia (Gaeco) lançou uma operação de grande envergadura denominada “Decretados” com o objetivo de desarticular células do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região do Triângulo Mineiro. No total, foram cumpridos 116 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, após investigações que revelaram a atuação da maior facção criminosa do país dentro do sistema prisional. O Regionalzão teve acesso as cartas interceptadas pela equipe de investigadores onde os integrantes citam sobre os membros, o controle de tráfico e jogo do bixo além de tabela de valores.
“Ele é o cara que manda na Jacy de Assis e Pimenta da Veiga”, disse uma testemunha ao investigador, falando sobre “Libanês” reconhecido como líder do Primeiro Comando da Capital em Uberlândia. Os documentos apreendidos revelam que no período de novembro de 2023 a janeiro de 2024, a facção PCC contava no interior do pavilhão (Ala E) do Presídio Professor Jacy de Assis com 116 integrantes batizados, 28 ex-integrantes e 40 companheiros legais, estes, ainda que não batizados, submetem às regras da organização criminosa. Veja a carta com a contagem:
As diligências tiveram início após informações indicarem que membros do PCC estavam recebendo drogas e celulares no interior do Presídio Prof. Jacy de Assis, em Uberlândia, aproveitando-se de falhas nos equipamentos de segurança. Além disso, foi descoberto um plano para assassinar um policial penal identificado.
Em uma das cartar interceptadas pelo GAECO é possível ver a tabela de preço de aparelhos eletrônicos e carregadores. Um Mini Smartphone chega a custar R$7.000 e um carregador chega a R$2.000, veja a carta:
Durante a incursão nas celas da ala conhecida como Pavilhão do PCC, foram encontradas várias porções de drogas, aparelhos celulares e anotações detalhadas sobre os membros da facção e os setores que ela controlava dentro do presídio, incluindo venda de drogas e apostas em jogos. Veja a carta:
As investigações revelaram um rígido controle exercido pelo PCC sobre seus membros, com registros detalhados contendo informações pessoais e histórico de cada integrante. A facção também operava por meio de núcleos responsáveis por distribuir tarefas e monitorar as atividades da organização dentro da prisão.
Além disso, foi constatado que os presos ligados ao PCC mantinham contato com outros membros soltos, seguindo ordens para cometer crimes e movimentar valores em favor da facção. As drogas, por sua vez, eram utilizadas como moeda de troca dentro do presídio, sendo convertidas em dinheiro para financiar as atividades do grupo.
A operação “Decretados” contou com a participação de 4 promotores de justiça, 2 delegados de polícia, 20 policiais civis, 30 policiais militares, 21 agentes do Gaeco, além do apoio da Polícia Penal, totalizando 27 viaturas e 1 helicóptero. Os mandados foram cumpridos em diversos bairros de Uberlândia, bem como nas cidades de Tupaciguara e Ituiutaba, e em vários presídios de Minas Gerais e do Estado de São Paulo.