Seis cidades estão prestes a adotar uma inovadora estratégia de combate ao Aedes aegypti: a soltura de mosquitos infectados com a bactéria wolbachia. Uberlândia é uma das cidades que receberão as primeiras solturas em julho, juntamente com Londrina e Foz do Iguaçu (PR), Presidente Prudente (SP), Joinville (SC) e Natal (RN). No próximo ano, a técnica será expandida para mais 22 municípios mineiros.
O Brasil é pioneiro ao adotar essa tecnologia como política pública para reduzir os casos de dengue a médio e longo prazo.
O método Wolbachia consiste em infectar ovos do mosquito em laboratório com a bactéria e criar Aedes aegypti portadores do microrganismo.
Os mosquitos infectados são incapazes de transmitir os vírus da dengue, zika, chikungunya ou febre amarela.
Quando se reproduzem, passam a bactéria para outros mosquitos, reduzindo a transmissão de doenças para os humanos.
Antes da soltura dos mosquitos, é realizada uma fase de engajamento comunitário, pois inicialmente a comunidade percebe um aumento no número de mosquitos na região.
Além disso, onde são liberados os mosquitos, não pode haver aplicação de inseticida, já que a estratégia é baseada na substituição da população de mosquitos.
Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, há critérios a serem seguidos para que o município possa adotar essa estratégia, como a estabilidade na variação de temperatura diária, fundamental para a adaptação do mosquito com a wolbachia.
A eficácia da estratégia tem sido comprovada. Niterói, no Rio de Janeiro, foi a primeira cidade a receber o projeto em fase de pesquisa, em 2014, e registrou redução de 69,4% nos casos de dengue, 56,3% nos de chikungunya e 37% nos de zika.
Outras cidades brasileiras que estão utilizando o Método Wolbachia são o Rio de Janeiro, Campo Grande (MS) e Petrolina (PE). Além do Brasil, Indonésia e mais três países participam da pesquisa em parceria com o World Mosquito Program.
Recentemente, o Ministério da Saúde e o governo de Minas Gerais inauguraram a Biofábrica Wolbachia, em Belo Horizonte, administrada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A unidade vai ampliar a capacidade de produção dessa tecnologia fundamental no combate à dengue e outras arboviroses.