Oito em cada dez professores consideram desistir da carreira, baixa valorização e violência são apontados como motivo

Pesquisa revela principais obstáculos enfrentados por docentes da educação básica, incluindo baixa valorização e violência em sala de aula

Imagem: Ilustração

O baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de interesse dos alunos são apenas alguns dos motivos que levam oito em cada dez professores da educação básica a ponderar sobre desistir da carreira, conforme aponta uma pesquisa inédita divulgada nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Semesp.

Conduzida entre 18 e 31 de março de 2024, a pesquisa contou com a participação de 444 docentes das redes pública e privada, abrangendo do ensino infantil ao médio, em todas as regiões do país. Os dados alarmantes mostram que 79,4% dos professores entrevistados já consideraram abandonar a profissão, enquanto 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados quanto ao futuro profissional.

Os desafios enfrentados pelos professores são diversos, destacando-se a falta de valorização e estímulo da carreira, a falta de disciplina e interesse dos alunos, a ausência de apoio e reconhecimento da sociedade, e a falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos.

A pesquisa revela ainda que mais da metade dos professores (52,3%) já enfrentou algum tipo de violência enquanto exercia sua atividade, com casos que vão desde agressões verbais até ameaças de agressão e de morte, praticadas principalmente por alunos, seguidos por alunos e responsáveis, e até mesmo por funcionários da escola.

Apesar desses desafios, a maioria dos professores (53,6%) ainda se declara satisfeita ou muito satisfeita com a carreira. Entre os motivos para permanecer nas salas de aula, destacam-se o interesse em ensinar e compartilhar conhecimento, a satisfação em ver o progresso dos alunos e a própria vocação.

Para Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, os dados refletem a essência da vocação dos professores e a importância do papel que desempenham na sociedade.

Licenciaturas: Desistências e Desafios Futuros

A pesquisa integra a 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que destaca o cenário das licenciaturas no país. Apesar dos 9,44 milhões de estudantes matriculados no ensino superior, a taxa de desistência é significativa, com cerca de 60% dos estudantes nas licenciaturas na rede privada e 40% na rede pública desistindo da formação.

Embora Pedagogia seja o primeiro curso em ensino a distância, a pesquisa mostra que apenas 6,6% dos jovens entrevistados têm interesse em cursar cursos da área de educação.

A discussão sobre a qualidade da formação dos futuros professores ganha destaque, especialmente com o crescimento dos cursos a distância. Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, enfatiza a necessidade de uma revisão na avaliação dos cursos, ressaltando que os estágios, mesmo nos cursos a distância, são parte essencial da formação.

Diante desse contexto, a pesquisa revela que 50,1% dos professores discordam parcial ou totalmente da afirmação de que o ensino a distância não é adequado, apontando para a necessidade de uma abordagem cuidadosa na oferta desses cursos, visando garantir a qualidade da formação dos futuros educadores.

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