Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação do Câncer revelou que o tabagismo é responsável por 80% das mortes por câncer de pulmão no Brasil, tanto em homens quanto em mulheres. Apresentado nesta quinta-feira (16) durante o 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (GRELL 2024), na Suíça, o trabalho busca fornecer dados essenciais para a implementação de ações de prevenção da doença.
Segundo o epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, o câncer de pulmão está diretamente ligado ao hábito de fumar. “O tabagismo é responsável pela grande maioria dos casos de câncer de pulmão no mundo, e no Brasil não é diferente”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
Scaff expressou preocupação em relação ao cigarro eletrônico, alertando que seu uso pode aumentar ainda mais os índices de óbitos por câncer de pulmão. “O cigarro eletrônico é uma forma de introduzir a juventude no hábito de fumar”, destacou. Ele também ressaltou que a nicotina, presente tanto no cigarro convencional quanto no eletrônico, é altamente viciante.
Além do impacto na saúde pública, o estudo também apontou os custos significativos associados ao câncer de pulmão. Estima-se que a doença represente gastos de cerca de R$ 9 bilhões por ano no Brasil, incluindo custos diretos com tratamento, perda de produtividade e cuidados com os pacientes. Surpreendentemente, apenas 10% desses custos são cobertos pela indústria do tabaco.
O estudo também analisou a situação em diferentes regiões do Brasil, destacando o Sul como uma área de preocupação devido ao alto índice de consumo de tabaco e à maior incidência de câncer de pulmão. Em termos de escolaridade, observou-se que a maioria dos pacientes com a doença tinha nível fundamental, e a faixa etária de 40 a 59 anos concentrava o maior percentual de casos.
Embora as mulheres apresentem taxas mais baixas de incidência e mortalidade em comparação com os homens, o estudo prevê um aumento na mortalidade por câncer de pulmão entre as mulheres com 55 anos ou menos até 2026. Para mulheres com idade igual ou superior a 75 anos, espera-se que a taxa de mortalidade continue aumentando até o período de 2036 a 2040.