Esta época do ano, com clima seco e ventos fortes, é propícia para a prática de uma brincadeira tradicional em Minas Gerais: empinar pipas. A Cemig alerta que soltar pipas perto da rede elétrica, principalmente com linha chilena ou cerol, pode causar acidentes graves, inclusive fatais, e grandes prejuízos ao provocar falta de energia para milhares de famílias. No Triângulo e Alto Paranaíba, essa prática gerou cerca de 64 ocorrências, deixando mais de 14 mil unidades consumidoras sem energia.
Nos primeiros quatro meses deste ano, a Cemig registrou aproximadamente 458 ocorrências com a rede elétrica causadas por pipas em Minas, prejudicando quase 100 mil clientes em todo o estado.
Em 2023, a Cemig registrou 2.837 ocorrências causadas por pipas, afetando 760 mil clientes. No Triângulo e Alto Paranaíba, foram 234 ocorrências que interromperam o fornecimento de energia para quase 32 mil residências. Além do prejuízo, a utilização de material cortante pode ter consequências fatais. Na semana passada, um homem de 23 anos morreu ao ser cortado por uma linha chilena na MG-010, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O técnico de Segurança do Trabalho da Cemig, Cesar de Jesus Souza, orienta que a brincadeira de soltar pipas deve ser realizada em áreas abertas e distantes da rede elétrica. Segundo ele, com a grande quantidade de redes de distribuição nos centros urbanos, soltar pipas nesses locais se tornou inviável. “Caso a pipa fique presa na rede elétrica, a pessoa pode tomar um choque de até 13.800 volts. Por isso, é fundamental que os pais orientem seus filhos para evitar acidentes que podem ser fatais”, destaca.
Cesar Souza alerta que nunca se deve tentar resgatar pipas presas na rede elétrica devido ao alto risco de acidentes. “As redes de distribuição, transmissão e subestações da Cemig são construídas dentro dos padrões das normas técnicas brasileiras, com características e distanciamento seguros. A aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido os principais motivos dos acidentes com a rede elétrica da companhia”, explica.
O especialista pede consciência aos pais e jovens para evitar soltar pipas em áreas próximas à rede elétrica da Cemig e para não utilizar linhas cortantes. “As consequências dessas ocorrências podem ser catastróficas para um hospital, por exemplo”, alerta.
A Lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena em Minas Gerais. Essa legislação, que proíbe a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, está em vigor desde dezembro de 2019. A multa para quem for flagrado vendendo linhas cortantes varia de R$ 5.279,70 a R$ 263,98 mil (em casos de reincidência). Se a linha cortante apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, seus pais ou responsáveis legais serão notificados e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
Além da legislação, o técnico de Segurança da Cemig alerta que o uso de cerol pode transformar uma simples linha de pipa em um material condutor, provocando choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Muitas crianças amarram as pipas com arames e fios, materiais altamente condutores que, ao tocarem os cabos da rede de energia, podem causar choque elétrico.
“As linhas cortantes também representam perigo para outras pessoas. Elas podem cortar cabos de energia e causar acidentes graves para quem está brincando ou para outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira”, alerta o especialista.