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Risco de acidente em rodovias sob gestão pública é maior, Minas Gerais lidera ranking com maior número de acidentes

Estudo revela que o risco de acidentes é 3,2 vezes maior em rodovias públicas; aumento de acidentes em concessões também preocupa

Matheus Carvalho
Imagem: Ilustração / MGC-497 entre Uberlândia e Prata

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Em 2023, o risco de acidentes em rodovias federais sob gestão pública no Brasil foi 3,2 vezes maior do que nas rodovias concedidas à iniciativa privada, de acordo com um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC) baseado em dados de acidentes de trânsito registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O estudo foi divulgado nesta sexta-feira (14). O estado de Minas Gerais lidera o ranking em número de acidentes.

No ano passado, dos 65.176 acidentes notificados, 34.650 ocorreram em rodovias sob gestão pública e 30.526 em estradas sob concessão.

Apesar do maior risco em rodovias públicas, desde 2018, o número de acidentes de trânsito vem crescendo nas estradas concedidas e diminuindo nas que estão sob gestão pública. Em 2018, foram registrados 28.845 acidentes nas rodovias concedidas, subindo para 30.526 em 2023, um aumento de 5,8%. Já na malha sob gestão pública, os acidentes caíram de 36.880 para 34.650, uma queda de 6%.

“Os números mostram que, apesar de o número absoluto de acidentes ter aumentado mais na rede sob concessão, as taxas de acidentes e de gravidade continuam bem maiores na rede sob gestão pública”, afirmou Ramon Victor Cesar, professor associado da Fundação Dom Cabral e coordenador da pesquisa.

O aumento de acidentes nas rodovias sob concessão pode estar relacionado ao maior investimento em manutenção e conservação das estradas públicas e ao fato de que muitas concessões são recentes, resultado de leilões dos últimos dois anos. As novas empresas ainda não tiveram tempo suficiente para melhorar a qualidade das rodovias concedidas.

“Por um lado, o setor concedido recebeu rodovias que não estavam boas e que demandam tempo para colocá-las no padrão. Por outro, o poder público conseguiu, principalmente no último ano, investir mais na recuperação e manutenção das rodovias públicas”, explicou Cesar.

Para comparar rodovias de diferentes extensões, o estudo utiliza taxas de acidentes (que desconsideram o volume de tráfego) e taxas de severidade (considerando a gravidade dos eventos), buscando reduzir a influência do volume de veículos.

Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 12,6% na taxa de casos com feridos, mas uma redução de 9,1% nos acidentes com mortes. Em 2023, do total de acidentes notificados, 47.840 resultaram em feridos e 4.640 em mortes. “Os acidentes estão ficando menos severos”, destacou Cesar, atribuindo isso ao maior controle de velocidade e melhorias na infraestrutura rodoviária.

Minas Gerais registrou o maior número de acidentes em rodovias federais, seguido por Santa Catarina e Paraná. No caso de acidentes graves, o Paraná lidera os registros.

As rodovias BR-101, que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e BR-116, de Fortaleza ao Rio Grande do Sul, apresentaram o maior número de acidentes e maior taxa de gravidade.

Para diminuir os acidentes nas estradas federais, Cesar ressaltou a importância de melhorar a infraestrutura, investir em fiscalização e educação de trânsito, e garantir a aplicação da legislação. “Temos um bom Código de Trânsito. O que não se pode é tentar afrouxá-lo. Temos que ter uma regulação séria, que não fique sendo modificada em termos populistas”, afirmou.

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