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Alexandre de Moraes condena invasor do palácio do planalto a 17 anos de prisão

Antônio Cláudio Alves Ferreira é condenado por vandalizar relógio histórico durante ataques de 8 de janeiro de 2023

Matheus Carvalho
Imagem: Reprodução

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (21) para condenar Antônio Cláudio Alves Ferreira a 17 anos de prisão. Ferreira foi um dos invasores do Palácio do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro de 2023 e foi responsável por danificar o relógio histórico de Balthazar Martinot.

A obra, trazida por Dom João VI para o Brasil em 1808, se tornou um símbolo dos atos golpistas na sede da Presidência. Feito de casco de tartaruga e um tipo de bronze não fabricado há décadas, o relógio foi enviado para restauração na Suíça no início de 2024.

Ferreira é réu no STF por crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima.

Moraes afirmou que há um “robusto conjunto probatório” contra Ferreira, que foi preso após fazer registros dentro do Palácio do Planalto. Ele também esteve no acampamento montado em frente ao QG do Exército, frequentado por defensores de intervenção militar.

“Está comprovado, tanto pelos depoimentos de testemunhas arroladas pelo Ministério Público, quanto pelas conclusões do Interventor Federal, vídeos e fotos realizados pelo próprio réu e outros elementos informativos, que Antônio Cláudio Alves Ferreira, como participante e frequentador do QGEx e invasor de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, com emprego de violência ou grave ameaça, tentou abolir o Estado Democrático de Direito, visando o impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais por meio da depredação e ocupação dos edifícios-sede dos Três Poderes da República”, escreveu o ministro.

Durante interrogatório, Ferreira confessou que danificou um vidro para ingressar no Planalto e disse que “em razão da reação dos órgãos de segurança, resolveu danificar o relógio histórico e rasgar uma poltrona, os quais estavam na parte interna do prédio e, após, jogou um extintor nas câmeras”.

O julgamento de Ferreira ocorre no plenário virtual do STF, onde os ministros inserem seus votos no sistema eletrônico da Corte. A defesa dele pediu sua absolvição ao Supremo.

Relógio vandalizado

Uma perícia da Polícia Federal apontou que manifestantes ocuparam o terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente Lula, por volta de 15h30 do dia 8 de janeiro de 2023. Três minutos depois, o relógio foi vandalizado pela primeira vez.

O momento foi gravado por câmeras de segurança. Ferreira, vestido com uma blusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi flagrado jogando o objeto no chão. Em seguida, ele atira um extintor de incêndio e tenta quebrar a câmera de segurança. O laudo identificou ainda que, após Ferreira jogar o relógio no chão, um homem e uma mulher colocaram o armário que apoiava a peça no lugar. Em seguida, devolveram o relógio para o local.

Minutos depois, um homem usando chapéu camuflado, camisa da seleção brasileira e uma bandeira do Brasil foi flagrado circulando no terceiro andar. O invasor se aproximou da peça e, às 16h12, voltou a jogar o relógio no chão.

O homem não foi identificado no relatório. Na sequência, manifestantes continuaram circulando, e agentes de segurança chegaram a fazer dois disparos com arma de fogo contra os golpistas. Depois disso, os agentes deixaram o local, que voltou a ser ocupado pelos invasores.

Peça rara

O relógio de pêndulo do século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Balthazar Martinot era o relojoeiro do rei francês Luís XIV. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, na França, mas possui a metade do tamanho da peça que foi destruída pelos invasores do Planalto. O valor do relógio não foi informado.

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