A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o furto de fios condutores de energia elétrica em Uberlândia realizou sua quinta reunião ordinária no Salão Pedro Gustin da Câmara Municipal. Sob a presidência do vereador Sérgio do Bom Preço (PP), o encontro contou com a participação dos vereadores Luiz Eduardo – Dudu (Solidariedade), relator, e Gláucia da Saúde (PL), além de representantes das polícias Civil e Militar e empresários do setor de reciclagem e sucata.
O foco principal da reunião foi discutir estratégias de fiscalização contra o recebimento de materiais furtados, que configura o crime de receptação e trazer prejuízos aos comerciantes que operam dentro da legalidade, mas sofrem com a concorrência desleal.
Durante o evento, Sérgio do Bom Preço solicitou um detalhamento dos casos de roubo de fios e a dinâmica desses crimes na cidade. O tenente-coronel da PM, Rodrigo Brasil, destacou um aumento significativo nas denúncias de furto de fios desde março de 2023. Em resposta, as forças de segurança intensificaram operações conjuntas com a Polícia Civil, apoiadas pela administração municipal. As ações, coordenadas pelo 17º Batalhão da PM, têm sido reforçadas durante a madrugada nos bairros com maior incidência de crimes, como Lagoinha, resultando na abordagem de suspeitos encontrados com fios furtados.
Entre junho de 2023 e junho de 2024, foram registradas 472 prisões pelo crime de furto de fios em Uberlândia, sendo 273 em flagrante e 230 de reincidentes, classificados como de menor potencial ofensivo.
Durante a audiência, Lucas Rodrigues da Costa, advogado representando a BR Comércio, questionou a operação “Vulcano”, que resultou na apreensão de materiais e aplicação de multas a empresários locais. Ele defendeu a necessidade de implementar mecanismos que permitam rastrear a origem dos materiais furtados, evitando punições injustas a comerciantes que operam dentro da legalidade.
Andréa Monteiro e André Luiz Faria de Sá, proprietários de ferro velho no bairro Saraiva, também contestaram as multas recebidas, argumentando que cumprem rigorosamente a legislação, exigindo sempre nota fiscal para os materiais adquiridos.
O delegado Gustavo Abraão enfatizou a importância das operações administrativas e criminais para identificar e punir os responsáveis pelo furto de fios, destacando o papel crucial de empresas como Cemig e CTBC nesse esforço. Ele reiterou a urgência de uma legislação que proteja os interesses dos sucateiros e recicladores, diferenciando claramente materiais legítimos dos furtados.
A próxima reunião da CPI está agendada para o dia 29 de julho, às 11h, onde será discutida a elaboração de uma proposta de lei destinada a fortalecer os direitos dos comerciantes e aprimorar os métodos de identificação de materiais provenientes de furtos, visando combater efetivamente esse tipo de crime em Uberlândia.