Ministros brasileiros ressaltaram a importância da universalização do acesso à água potável e ao saneamento básico durante a reunião ministerial de Desenvolvimento do G20, realizada nesta segunda-feira (22) no Rio de Janeiro. O ministro das Cidades, Jader Filho, enfatizou a urgência da questão: “Temos consciência de que essa batalha, permitam-me usar essa expressão, será longa e exigirá muito de todos nós, mas ela não pode mais ser postergada.”
A reunião, presidida pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, contou também com a presença do ministro das Cidades e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Dados apresentados por Jader Filho revelam que cerca de 30 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e 90 milhões carecem de serviços de coleta de esgoto. A meta, prevista em lei, é universalizar o acesso à água potável e garantir que pelo menos 90% da população tenha acesso a saneamento básico até 2033.
Um estudo realizado pelo Ministério das Cidades em 2023 estima que serão necessários aproximadamente US$ 100 bilhões para reverter esse déficit, sendo US$ 54 bilhões destinados aos serviços de abastecimento de água e US$ 46 bilhões ao esgotamento sanitário. O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investir, até 2026, US$ 330 milhões na gestão de resíduos sólidos, além de US$ 4,92 bilhões em esgotamento sanitário, US$ 2,73 bilhões em drenagem e contenção de encostas e US$ 2,27 bilhões em abastecimento de água.
Durante o evento, Jader Filho apelou para a colaboração internacional: “Para assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento a todos, é imprescindível que os países tenham em vista a necessidade da mobilização ativa de recursos financeiros internacionais.”
Simone Tebet destacou a dimensão do problema global, citando dados da ONU que indicam que 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água tratada e 3,5 bilhões não têm acesso a serviços de saneamento básico. Ela lembrou que essa meta está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pactuados por 193 países, incluindo o Brasil, com prazo até 2030.
Mauro Vieira, por sua vez, ressaltou a importância do Brasil no contexto global devido às suas vastas reservas de água potável e defendeu a implementação de programas educativos sobre a preservação e uso responsável dos recursos hídricos.
Na reunião, também foram divulgados documentos pactuados para a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, incluindo o Chamado à Ação do G20 sobre o Fortalecimento dos Serviços de Água Potável, Saneamento e Higiene. O documento pede maior cooperação técnica internacional para melhorar esses serviços, especialmente em países em desenvolvimento, e aborda os desafios ambientais, de saúde e nutrição relacionados.
A reunião é uma das várias que ocorrerão ao longo da semana no Rio de Janeiro, incluindo encontros de alto nível entre autoridades econômicas dos países do G20 e eventos com ministros de áreas sociais. Um dos pontos altos será o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.