O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais. Enquanto várias nações questionam a legitimidade da vitória e clamam por transparência no processo, os apoiadores do presidente reeleito celebram um momento histórico.
Segundo a apuração do conselho eleitoral, Maduro venceu com 51,21% dos votos, enquanto seu adversário, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%.
Com cerca de 80% dos votos contados, Maduro garantiu mais de 5 milhões de votos, em comparação aos 4,4 milhões de González Urrutia, de acordo com a autoridade eleitoral.
O resultado representou um golpe para a oposição venezuelana que, apesar de dividida, estava unida em torno da candidatura de González, na esperança de ajudar a tirar o país de uma das piores crises econômicas recentes.
A reeleição de Maduro foi celebrada por países aliados como Cuba, Bolívia e Colômbia. Por outro lado, representantes dos Estados Unidos, da União Europeia e de outros países latino-americanos cobraram lisura no processo eleitoral. O governo do Brasil ainda não se manifestou formalmente sobre o resultado.
O presidente da Bolívia, Luís Arce, também comemorou o resultado das eleições realizadas naquele que seria o 70º aniversário de Chávez. “Que ótima maneira de lembrar o Comandante Hugo Chávez”, escreveu na rede social X.
A China felicitou a Venezuela “pelo sucesso das suas eleições presidenciais” e saudou o presidente Maduro. “A China está disposta a enriquecer a parceria estratégica e a fazer com que os povos dos dois países beneficiem desta”, declarou o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian.
Por outro lado, representantes dos Estados Unidos, da União Europeia e de países latino-americanos como Chile e Peru cobraram transparência no processo eleitoral.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que o governo dos Estados Unidos tem “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.
“É fundamental que todos os votos sejam contados de forma justa e transparente, que os funcionários eleitorais divulguem imediatamente a informação com a oposição e os observadores independentes e que as autoridades eleitorais publiquem a apuração detalhada dos votos. A comunidade internacional acompanha de perto esta situação”, acrescentou.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apelou à “total transparência do processo eleitoral” na Venezuela.
“Os venezuelanos votaram sobre o futuro do país de forma pacífica e em grande número. A vontade deve ser respeitada. É essencial garantir a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem pormenorizada dos votos e o acesso [aos documentos] das assembleias de voto”, afirmou Borrell em mensagem publicada nas redes sociais.
Leopoldo López, opositor venezuelano exilado na Espanha, declarou que houve “uma fraude insustentável” nas eleições presidenciais na Venezuela.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Espanha, José Manuel Albares, disse que só comentaria o resultado após a publicação da apuração detalhada: “A chave é a publicação dos dados mesa por mesa, para que possam ser verificados”, defendeu, acrescentando que a Espanha não tem um candidato favorito e que “só quer que o bem-estar e a democracia para o povo venezuelano triunfem”.
Já o presidente do Chile, Gabriel Boric, avisou que “o regime de Maduro tem de compreender que os resultados que publicou são difíceis de acreditar” e que “o Chile não reconhecerá qualquer resultado que não seja verificado”.
O governo do Peru também rejeitou o resultado. “O Peru não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano”, escreveu no X o ministro dos Negócios Estrangeiros desse país, Javier González-Olaechea.
Na Costa Rica, o Executivo disse rejeitar categoricamente o que considera um “resultado fraudulento”, enquanto o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou que a contagem dos votos “claramente tem falhas”.