As investigações da Polícia Federal sobre a Operação Contragolpe, deflagrada para desarticular uma organização criminosa que planejava ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Presidência da República, revelaram detalhes estarrecedores. O grupo utilizava identidades de terceiros para habilitar linhas telefônicas, que serviram de base para a execução do plano. Segundo o relatório, todas as habilitações ocorreram em 3 de dezembro de 2022, em uma loja em Uberlândia.
Entre os envolvidos, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira usou dados de Lafaiete Teixeira Caitano, obtidos de forma fraudulenta após um acidente de trânsito em Goiás. O militar fotografou documentos de Lafaiete, como CNH e CRLV, e usou essas informações para registrar uma linha telefônica que posteriormente integrou o esquema criminoso.
Lafaiete, assustado, afirmou que só tomou conhecimento do uso de seus dados após o início das investigações. “Estou em choque. Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer comigo“, declarou em entrevista.
A operação liderada pela PF aponta que, em apenas sete meses, o aparelho usado por Rafael Oliveira esteve associado a 1.423 linhas telefônicas. Outros militares e envolvidos também adotavam codinomes como “Áustria”, “Brasil” e “Japão” para dificultar a identificação dos verdadeiros usuários.
Além do plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, a investigação revelou estratégias para ataques contra o presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin. A Polícia Federal afirmou que a “anonimização” das linhas era uma técnica planejada para ocultar os responsáveis.
A deflagração da Operação Contragolpe, autorizada pelo próprio Alexandre de Moraes, busca desmantelar o alto nível de organização e poder bélico que o grupo possuía, envolvendo armamentos de guerra e militares da ativa e da reserva.