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Mineradora australiana negocia investimento para extração de nióbio em Araxá

Redação Pontal
Foto: Instagram/Prefeitura de Araxá

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A cidade de Araxá está na disputa pelo controle do mercado global de nióbio, metal essencial para a transição energética.

A mineradora australiana St. George iniciou em 2024 o processo de aquisição de um projeto de extração de nióbio em Araxá.

A intenção é quebrar o domínio de mais de 60 anos da família Moreira Salles, que controla a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração).

A CBMM é responsável por 80% do mercado global de nióbio.

A St. George

A St. George, controlada por investidores australianos, anunciou a emissão de ações na Bolsa de Sydney para levantar aproximadamente R$ 76 milhões.

A mineradora planeja iniciar a extração de 5.000 toneladas de nióbio a partir de 2027.

Embora esse volume represente menos de 5% da produção anual da CBMM, que é de 150 mil toneladas.

A entrada da St. George em Araxá reflete uma tentativa ousada de explorar nichos de mercado não totalmente atendidos pela gigante do setor.

A história e os desafios da St. George

Fundada há 14 anos, a St. George começou sua trajetória focada na pesquisa de jazidas de lítio, níquel e cobre na Austrália.

No entanto, a empresa nunca chegou a explorar esses minerais e preferiu vender seus projetos a mineradoras maiores.

Diante das dificuldades financeiras e das barreiras tecnológicas para a transição energética, a St. George optou por se aventurar no mercado do nióbio.

De acordo com Thiago Amaral, diretor da St. George no Brasil, o nióbio oferece um mercado mais estável e previsível.

“O governo dos Estados Unidos considera o nióbio o segundo metal mais crítico para a transição energética, devido à sua concentração — 90% da produção mundial está no Brasil”, afirma Amaral.

A hegemonia da CBMM e o uso do nióbio

A CBMM consolidou o mercado mundial de nióbio após descobrir grandes reservas do metal em Araxá na década de 1950.

A empresa firmou um acordo com o governo de Minas Gerais em 1973, no qual destinou 25% de seu lucro líquido ao estado.

Até setembro de 2024, o repasse de recursos somou R$ 1,1 bilhão, representando cerca de 1% da receita estadual.

O nióbio é amplamente utilizado para fabricar ferronióbio, uma liga metálica que fortalece o aço usado na construção civil, automotivo e energético.

Recentemente, a CBMM anunciou a produção de óxido de nióbio, uma matéria-prima promissora para baterias de veículos elétricos.

Planos e desafios da St. George

Embora a St. George ainda não tenha definido se irá focar na produção de ferronióbio ou óxido de nióbio, a fabricação de óxido parece ser a escolha mais viável, considerando a crescente demanda por baterias de veículos elétricos.

No entanto, a mineradora enfrentará desafios, como o menor teor de nióbio nas suas reservas e a dependência das mesmas condições geográficas e regulatórias que afetam a CBMM.

Amaral, da St. George, admite que o volume de produção da empresa ainda é pequeno em comparação com o da CBMM, mas acredita que há nichos de mercado que não são totalmente atendidos pela gigante.

“Queremos atuar em nichos onde a CBMM não oferece 100% da produção, oferecendo alternativas para clientes que, por algum motivo, não utilizam nióbio”, explica.

Aquisição do projeto e negociações

A St. George está em processo de aquisição do projeto de nióbio, avaliado em US$ 21 milhões. No entanto, a empresa tem enfrentado dificuldades para captar recursos, como ocorreu no ano passado, quando tentou levantar 21,25 milhões de dólares australianos (US$ 13,3 milhões), mas obteve apenas 3 milhões de dólares australianos (US$ 1,87 milhão).

Além disso, negocia um possível acordo de offtake com uma trading chinesa, antecipando recursos em troca de parte da produção de nióbio.

Perspectivas e futuro

Apesar das dificuldades financeiras e da concorrência com a CBMM, a St. George está determinada a seguir com seu projeto.

“Sempre existe a possibilidade de venda de um projeto, mas esse não é nosso objetivo principal”, afirma Amaral.

A mineradora visa explorar nichos não totalmente atendidos e pretende se estabelecer como um player importante no mercado de nióbio.

A chegada da St. George a Araxá pode representar uma mudança no cenário da mineração de nióbio no Brasil, com a possibilidade de novos players surgirem no mercado global.

Com um metal tão estratégico para a transição energética, a disputa pela extração de nióbio em Araxá promete agitar o setor e criar novas oportunidades no futuro.

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