Minas Gerais segue como o estado com o maior número de empregadores flagrados por submeterem trabalhadores a condições análogas à escravidão. Segundo a nova atualização da “Lista Suja”, divulgada nesta quarta-feira (9) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 159 dos 745 nomes presentes no cadastro nacional estão no estado — o equivalente a 21% do total.
No levantamento anterior, publicado em outubro de 2024, Minas também liderava o ranking, com 165 dos 725 registros (22%).
Danos em Minas
Para o superintendente regional do Trabalho em Minas, Carlos Calazans, os dados refletem a atuação das equipes de fiscalização no estado. “Não acredito que Minas tenha mais empregadores nessas condições do que Amazonas, Bahia ou Pará, por exemplo. Mas mesmo com a eficiência do trabalho, os números revelam um cenário preocupante”, disse.
De acordo com o MTE, os auditores-fiscais resgataram 1.479 trabalhadores em Minas nos últimos meses. O estado concentra principalmente casos ligados à atividade rural. “Cerca de 80% das ocorrências estão na agricultura. São trabalhadores em fazendas e sítios, sem acesso à água, em condições degradantes, dormindo no chão e submetidos a jornadas exaustivas”, afirmou Calazans.
A chamada “Lista Suja” reúne empregadores — pessoas físicas ou jurídicas — responsabilizados por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão. O governo criou o cadastro em 2003 e atualiza a lista a cada seis meses. Os nomes permanecem na lista por dois anos, contados a partir da inclusão, e só entram após a conclusão de um processo administrativo com decisão final, sem possibilidade de recurso.
Na edição atual, o Ministério do Trabalho adicionou 155 novos empregadores ao cadastro. Desses, 15 por casos ocorridos em atividades domésticas. As principais áreas com novas inclusões foram: criação de bovinos (21), cultivo de café (20), trabalho doméstico (18), produção de carvão vegetal (10) e extração de minerais (7).
O ministério retirou outros 120 nomes da lista após o cumprimento do prazo de permanência.
Qualquer pessoa pode denunciar casos de trabalho escravo pela internet, por meio do Sistema Ipê — plataforma que a Secretaria de Inspeção do Trabalho lançou em 2020 em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). As denúncias são anônimas e podem ser feitas remotamente.