Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) ganhou repercussão internacional. Ele propõe uma solução inovadora e sustentável para o combate às infecções causadas por bactérias resistentes a medicamentos. Utilizando o kefir – uma bebida fermentada popular por seus benefícios probióticos – os cientistas conseguiram sintetizar nanopartículas de prata (AgNPs) com alto potencial antimicrobiano.
Publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, o trabalho demonstra que as nanopartículas produzidas com kefir brasileiro foram eficazes contra bactérias como Acinetobacter baumannii e Klebsiella pneumoniae, dois dos microrganismos mais preocupantes da atualidade por sua resistência a antibióticos convencionais. As AgNPs apresentaram concentrações inibitórias mínimas de 25 µg/mL e 50 µg/mL, respectivamente, valores considerados promissores na área da biomedicina.
Os testes toxicológicos realizados em Drosophila melanogaster (mosca da fruta) pela UFU mostraram que, apesar de não apresentarem efeitos adversos em adultos, as nanopartículas podem interferir no desenvolvimento das larvas. Isso indica que o uso deve ser criterioso, com mais estudos sobre segurança a longo prazo.
O grande diferencial do estudo está na utilização de um recurso acessível e natural como o kefir para a produção de uma tecnologia de ponta. Essa abordagem reforça o potencial da ciência desenvolvida em Uberlândia e coloca a cidade como protagonista em pesquisas voltadas à saúde pública global.
Segundo os autores, o próximo passo é aplicar o método em testes com células humanas e explorar outras fontes naturais para a síntese de nanopartículas. A pesquisa da UFU também abre caminho para o uso de alimentos funcionais em tratamentos alternativos de infecções, reduzindo a dependência de antibióticos tradicionais.