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Minas registra aumento no número de casos de hanseníase

Redação Geral
Foto: Agência Brasil

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Minas Gerais registrou, em média, três novos casos de hanseníase por dia em 2024. Nos últimos dois anos, o número de registros aumentou 22%, saltando de 1.061 em 2022 para 1.294 em 2023. Em 2025, até março, já foram contabilizados 149 casos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Especialistas alertam para a importância de discutir abertamente sobre a doença no estado. Muitos pacientes ainda têm receio de procurar tratamento devido ao estigma e ao preconceito que cercam a enfermidade.

Hanseníase em Minas e no Brasil

O Brasil, atualmente, ocupa o segundo lugar no ranking mundial de casos de hanseníase, atrás apenas da Índia. O aumento de casos pode ter resultado de um possível subdiagnóstico durante o período crítico da pandemia de Covid-19.

Além disso, o fato também pode ser encarado como um sinal positivo, pois mais pessoas buscam tratamento, um passo importante para evitar a progressão da doença. “A hanseníase é uma doença crônica e, muitas vezes, assintomática, o que faz com que as pessoas posterguem o diagnóstico. Com o fim da pandemia, mais pessoas estão procurando ajuda médica”, completa o infectologista.

Entenda mais sobre a Hanseníase

A hanseníase, popularmente conhecida como lepra, ainda carrega um grande estigma, o que dificulta o diagnóstico precoce. Muitos evitam procurar ajuda médica por medo de serem rotuladas e discriminadas. “É uma doença que ganhou conotação pejorativa. Esse preconceito é um dos principais motivos pelos quais as pessoas deixam de buscar tratamento, o que é completamente errado”, explica.

Hélio Dutra, de 57 anos, relembra com dor o sofrimento que seu pai enfrentou ao ser diagnosticado com hanseníase na década de 1970. “Na época, morávamos na Zona da Mata e meu pai, ao descobrir que tinha a doença, se isolou em Betim, na colônia de tratamento, sem avisar a ninguém. Ele não queria nos prejudicar com o preconceito da época”, conta Hélio. O isolamento era uma política adotada nas décadas passadas para tratar a doença no Brasil, com a internação dos pacientes em hospitais-colônias, como a Colônia Santa Isabel, em Betim. A colônia inaugurou-se em 1931 e integrou, por mais de seis décadas, o sistema de tratamento da hanseníase no país. Embora não se saiba o número exato de pessoas internadas, cerca de 12 mil pediram pensão vitalícia após a sanção de uma lei federal em 2007.

Transmissão e detalhes da doença que avança em Minas

A hanseníase transmite-se quando uma pessoa com a forma infecciosa da doença elimina o bacilo Mycobacterium leprae por meio da fala, tosse ou espirro. De acordo com Flávio Lima, o contato próximo e prolongado é necessário para que ocorra a transmissão. “A maioria das pessoas que entra em contato com os bacilos não desenvolve a doença”, esclarece.

A doença possui várias formas de manifestação, que variam conforme o sistema imunológico e a genética do paciente. Entre os primeiros sinais, estão manchas na pele, que podem ser claras ou vermelhas, e o espessamento de nervos, especialmente em áreas como cotovelos e joelhos. Em casos mais avançados, a doença pode causar queda das sobrancelhas, nódulos sob a pele e perda de sensibilidade.

Embora a hanseníase não tenha uma forma de prevenção completa, aplica-se a vacina BCG para evitar a infecção em pessoas que tenham contato próximo com pacientes diagnosticados. O tratamento é eficaz e totalmente gratuito pelo SUS. Os profissionais utilizam a combinação de três antibióticos – rifampicina, dapsona e clofazimina – para combater a infecção. Existem dois tipos de tratamento: um de seis meses, para pacientes que não transmitem a doença, e outro de 12 meses, para aqueles que ainda podem infectar outras pessoas.

Os números de casos e óbitos por hanseníase em Minas Gerais nas últimas décadas mostram uma leve queda nos óbitos, mas o número de novos casos permanece elevado. Confira a seguir as estatísticas registradas de 2022 a 2025:

  • 2022: 1.061 casos novos e 6 óbitos
  • 2023: 1.219 casos novos e 10 óbitos
  • 2024: 1.253 casos novos e 5 óbitos
  • 2025: 149 casos novos e nenhum óbito (dados até 19 de março)
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