Mesmo com crescimento econômico tímido do Brasil no ano passado, o interior, em especial o Sul de Minas, Triângulo e Norte, vem se destacando na atração de investimentos. De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), de 2003 a 2012, foram assinados 618 protocolos totalizando 162,8 bilhões de reais em investimentos, média de 16,2 bilhões de reais/ano. Em 2013, esse montante foi de 19,5 bilhões de reais para 100 protocolos assinados. Montes Claros, Pouso Alegre e Uberlândia foram destaques em suas respectivas regiões.
Montes Claros viu seu comércio crescer e, entre outros investimentos, o mais expressivo inaugurado no ano passado foi o da Alpargatas, que aplicou 280 milhões de reais na cidade e gerou 2,5 mil empregos diretos. Em Pouso Alegre, somente a gigante chinesa XCMG investiu 1 bilhão. A empresa deve gerar perto de 600 empregos diretos. Em Uberlândia, a Ambev investe 550 milhões de reais em uma fábrica, que deverá garantir 2 mil vagas diretas e indiretas. A Uberlândia Refrescos, única fabricante da Coca-Cola no interior de Minas, também anunciou ampliação de sua planta na cidade, avaliada em 130 milhões de reais e gerará outros 500 empregos.
Estes são apenas alguns exemplos de como o interior está se movimentando economicamente e gerando riquezas para o estado. E o que é melhor: nos mais variados setores. “No Triângulo Mineiro, isso acontece muito forte em Uberlândia e Uberaba e, em menor escala, em Frutal, Iturama, Ituiutaba. O maior desempenho é no agronegócio”, diz o vice-presidente do Indi, Maurício Cecílio. Na região há investimentos em processamento de alimentos, setor de bebidas, usinas de etanol, tecnologia da informação (especialmente em Uberlândia), serviços e distribuição.
No Sul de Minas, a indústria também cresce e se diversifica. Os setores de destaque são os de processamento de alimentos, bebidas e também há agregação de valor no agronegócio, tecnologia da informação, principalmente em Santa Rita do Sapucaí, Itajubá e Poços de Caldas. O principal município a receber novos investimentos é Pouso Alegre, sede da XCMG. Lá, está o segundo maior centro de distribuição da Unilever no Brasil, que demandou 200 milhões de reais e gerou 800 empregos.
O Norte também começou a experimentar o desenvolvimento, atraindo indústrias e investimentos, como o da Alpargatas, reinvestimentos da Novo Nordisk, além de forte ampliação do comércio. Um pouco mais abaixo, à esquerda do mapa, no Noroeste, acontecem investimentos no que é a última fronteira agrícola do Brasil, principalmente em Unaí, Paracatu e João Pinheiro. A região cresce com alta de seu índice de produtividade. “Procuramos melhorar a logística com a expansão de ferrovias e o Caminhos de Minas para privilegiar a região, que começa a desenvolver o setor de etanol”, informa Cecílio.
E é justamente o interior, não somente de Minas, que é alvo da Tenco Shopping Center. Varginha foi uma das cidades identificadas pela empresa, que inaugurará seu primeiro empreendimento na cidade até o início de 2016. “Ela tem claro potencial, com alta demanda e pessoas ansiosas por um shopping. Conseguimos terreno muito bem localizado. Riachuelo, Renner, Marisa têm interesse em investir neste shopping”, destaca o diretor comercial da Tenco Shopping Center, Júlio Macedo.
Mas a intenção da Tenco não é de se expandir somente para Varginha. “Temos prospecção avançada em Divinópolis, onde ainda não há shopping. Mas em Minas há mercados similares. Agora, chegou a vez de o interior se desenvolver economicamente. Isso ocorre em função também do processo de distribuição de renda. As cidades médias cresceram muito devido ao inchaço das metrópoles e melhoraram seus indicadores. A indústria de shopping enxergou essa oportunidade”, analisa Macedo.
Esta disposição de empresas que querem explorar novos mercados é muito bem aceita por municípios em franco desenvolvimento, como Pouso Alegre. O trabalho para deixar o local apto a receber investimentos foi árduo, segundo o prefeito Agnaldo Perugini (PT). Ele conta que encontrou o município fora da rota nacional de crescimento, em 2009, quando o Brasil ainda se desenvolvia bem. “Fizemos um trabalho de resgate para valorizar a cidade e atrair empresas”.
ra do mesmo país. “Quando soubemos que uma comitiva do Brasil ia para a China, fomos atrás. Perdemos a montadora e atraímos a XCMG”, diz Perugini. A proposta não é somente atrair novos investimentos, mas condicionar as empresas já instaladas a ampliarem suas operações. O prefeito chama isso de círculo virtuoso em que coisas boas atraem outras. O resultado é que, desde 2009, o município recebeu mais de 1 bilhão de reais em investimentos. Novos empreendimentos e ampliações em andamento somam outros 838 milhões. “A meta é atrair 1,6 bilhão até 2017 para aprimorar nossa infraestrutura de transporte e armazenamento de produtos.”
A localização geográfica de Minas é um ponto favorável para o estado atrair empresas. Apesar de certa precariedade, o estado tem expressiva malha rodoferroviária e é grande produtor de matéria-prima. Tudo isso, aliado à expansão generalizada de consumo, principalmente no Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, fez com que o interior mineiro se tornasse atrativo. “Se a empresa quer atingir os mercados de São Paulo e Centro-Oeste, o Triângulo é ideal. Se é São Paulo capital, o Sul de Minas é a opção. Se a ideia é o Nordeste, Montes Claros é o local mais adequado”, diz o vice-presidente do Indi.
Há 2 anos, o desenvolvimento do interior de Minas começou a chamar a atenção do presidente da Construtora Casa Mais, Peterson Querino, como possibilidade para expansão da empresa, que atua na Grande BH. “Além da escassez de terrenos, começamos a perceber que vários polos do interior ganhavam força econômica em termos de crescimento, desenvolvimento e renda.” Divinópolis e Sete Lagoas terão empreendimentos da Casa Mais que serão lançados já este ano. Pouso Alegre e Uberlândia estão sendo prospectadas. “Essas regiões são estratégicas, cheias de indústria e boa logística”, diz Querino.
A Casa Mais não foi atraída pelas cidades do interior somente por causa do momento atual. “Se não fizermos análise de longo prazo, corremos muitos riscos. Não podemos embarcar na onda da euforia econômica. Em cidades dependentes do café, por exemplo, não quisemos investir por causa da sazonalidade econômica”, afirma o empresário. Segundo ele, nas regiões industrializadas, a renda é mais elevada e requer mão de obra qualificada, que acaba indo para a cidade e aumenta a demanda por imóveis. “Várias cidades do interior estão se desenvolvendo mais do que as capitais e começam a abrir oportunidades com custos mais baixos e melhor qualidade de vida.” Nos próximos 3 anos, o interior deve representar de 30% a 40% dos lançamentos da Casa Mais.
Não é somente a posição geográfica de Uberlândia, próxima de São Paulo e da região Centro-Oeste, a grande responsável para que a cidade atraia investimentos. “Uberlândia teve crescimento superior ao de Minas e do Brasil. Em 2013, foi de 5%. Para 2014 esperamos aumentar mais em função da Copa do Mundo e das eleições”, prevê o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Romes Junqueira. Segundo ele, o trabalho para atração de empresas tornou-se mais amplo e vai além da oferta de incentivos fiscais: querem cidades bem estruturadas. “Uberlândia tem boa infraestrutura. Hoje não há dificuldade de logística do ponto de vista aeroportuário, ferroviário e viário.”
Considerada a capital do Norte de Minas, Montes Claros vem se destacando na atração de empresas e ainda puxa o desenvolvimento de cidades em seu entorno. No ano passado ganhou unidade da Alpargatas, viu o fortalecimento de seu comércio e de empresas locais e prepara-se para abrigar a Case New Holland. “Nosso foco é atrair grandes empresas, modernizar o Distrito Industrial e construir outro, que receberá a New Holland, e um centro de logística, além de criarmos o porto seco”, diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Reinaldo Landulfo Teixeira. Para ele, quanto mais os investimentos forem para o interior, melhor para Minas e também para fortalecer a economia das cidades para que consigam absorver a mão de obra local e evitar deslocamentos para as capitais.
“Além de Montes Claros, Capitão Eneas, Francisco Sá, Bocaiúva devem receber pequenas indústrias da cadeia produtiva das grandes empresas que aqui se instalam. Ainda há muito campo para crescer, mas é preciso pensarmos o desenvolvimento regionalmente para não incharmos Montes Claros”, declara Teixeira. Os setores que mais crescem são os de alimento, têxtil, biotecnologia, construção civil e calçados. De acordo com ele, o desenvolvimento do interior está muito além da falta de espaço na capital. É questão de mercado consumidor e disponibilidade de matéria-prima. Com isso, a participação do interior é cada vez maior na formação do PIB mineiro.
Fonte: Revista Viver Brasil
Montes Claros viu seu comércio crescer e, entre outros investimentos, o mais expressivo inaugurado no ano passado foi o da Alpargatas, que aplicou 280 milhões de reais na cidade e gerou 2,5 mil empregos diretos. Em Pouso Alegre, somente a gigante chinesa XCMG investiu 1 bilhão. A empresa deve gerar perto de 600 empregos diretos. Em Uberlândia, a Ambev investe 550 milhões de reais em uma fábrica, que deverá garantir 2 mil vagas diretas e indiretas. A Uberlândia Refrescos, única fabricante da Coca-Cola no interior de Minas, também anunciou ampliação de sua planta na cidade, avaliada em 130 milhões de reais e gerará outros 500 empregos.
Estes são apenas alguns exemplos de como o interior está se movimentando economicamente e gerando riquezas para o estado. E o que é melhor: nos mais variados setores. “No Triângulo Mineiro, isso acontece muito forte em Uberlândia e Uberaba e, em menor escala, em Frutal, Iturama, Ituiutaba. O maior desempenho é no agronegócio”, diz o vice-presidente do Indi, Maurício Cecílio. Na região há investimentos em processamento de alimentos, setor de bebidas, usinas de etanol, tecnologia da informação (especialmente em Uberlândia), serviços e distribuição.
No Sul de Minas, a indústria também cresce e se diversifica. Os setores de destaque são os de processamento de alimentos, bebidas e também há agregação de valor no agronegócio, tecnologia da informação, principalmente em Santa Rita do Sapucaí, Itajubá e Poços de Caldas. O principal município a receber novos investimentos é Pouso Alegre, sede da XCMG. Lá, está o segundo maior centro de distribuição da Unilever no Brasil, que demandou 200 milhões de reais e gerou 800 empregos.
O Norte também começou a experimentar o desenvolvimento, atraindo indústrias e investimentos, como o da Alpargatas, reinvestimentos da Novo Nordisk, além de forte ampliação do comércio. Um pouco mais abaixo, à esquerda do mapa, no Noroeste, acontecem investimentos no que é a última fronteira agrícola do Brasil, principalmente em Unaí, Paracatu e João Pinheiro. A região cresce com alta de seu índice de produtividade. “Procuramos melhorar a logística com a expansão de ferrovias e o Caminhos de Minas para privilegiar a região, que começa a desenvolver o setor de etanol”, informa Cecílio.
E é justamente o interior, não somente de Minas, que é alvo da Tenco Shopping Center. Varginha foi uma das cidades identificadas pela empresa, que inaugurará seu primeiro empreendimento na cidade até o início de 2016. “Ela tem claro potencial, com alta demanda e pessoas ansiosas por um shopping. Conseguimos terreno muito bem localizado. Riachuelo, Renner, Marisa têm interesse em investir neste shopping”, destaca o diretor comercial da Tenco Shopping Center, Júlio Macedo.
Mas a intenção da Tenco não é de se expandir somente para Varginha. “Temos prospecção avançada em Divinópolis, onde ainda não há shopping. Mas em Minas há mercados similares. Agora, chegou a vez de o interior se desenvolver economicamente. Isso ocorre em função também do processo de distribuição de renda. As cidades médias cresceram muito devido ao inchaço das metrópoles e melhoraram seus indicadores. A indústria de shopping enxergou essa oportunidade”, analisa Macedo.
Esta disposição de empresas que querem explorar novos mercados é muito bem aceita por municípios em franco desenvolvimento, como Pouso Alegre. O trabalho para deixar o local apto a receber investimentos foi árduo, segundo o prefeito Agnaldo Perugini (PT). Ele conta que encontrou o município fora da rota nacional de crescimento, em 2009, quando o Brasil ainda se desenvolvia bem. “Fizemos um trabalho de resgate para valorizar a cidade e atrair empresas”.
ra do mesmo país. “Quando soubemos que uma comitiva do Brasil ia para a China, fomos atrás. Perdemos a montadora e atraímos a XCMG”, diz Perugini. A proposta não é somente atrair novos investimentos, mas condicionar as empresas já instaladas a ampliarem suas operações. O prefeito chama isso de círculo virtuoso em que coisas boas atraem outras. O resultado é que, desde 2009, o município recebeu mais de 1 bilhão de reais em investimentos. Novos empreendimentos e ampliações em andamento somam outros 838 milhões. “A meta é atrair 1,6 bilhão até 2017 para aprimorar nossa infraestrutura de transporte e armazenamento de produtos.”
A localização geográfica de Minas é um ponto favorável para o estado atrair empresas. Apesar de certa precariedade, o estado tem expressiva malha rodoferroviária e é grande produtor de matéria-prima. Tudo isso, aliado à expansão generalizada de consumo, principalmente no Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, fez com que o interior mineiro se tornasse atrativo. “Se a empresa quer atingir os mercados de São Paulo e Centro-Oeste, o Triângulo é ideal. Se é São Paulo capital, o Sul de Minas é a opção. Se a ideia é o Nordeste, Montes Claros é o local mais adequado”, diz o vice-presidente do Indi.
Há 2 anos, o desenvolvimento do interior de Minas começou a chamar a atenção do presidente da Construtora Casa Mais, Peterson Querino, como possibilidade para expansão da empresa, que atua na Grande BH. “Além da escassez de terrenos, começamos a perceber que vários polos do interior ganhavam força econômica em termos de crescimento, desenvolvimento e renda.” Divinópolis e Sete Lagoas terão empreendimentos da Casa Mais que serão lançados já este ano. Pouso Alegre e Uberlândia estão sendo prospectadas. “Essas regiões são estratégicas, cheias de indústria e boa logística”, diz Querino.
A Casa Mais não foi atraída pelas cidades do interior somente por causa do momento atual. “Se não fizermos análise de longo prazo, corremos muitos riscos. Não podemos embarcar na onda da euforia econômica. Em cidades dependentes do café, por exemplo, não quisemos investir por causa da sazonalidade econômica”, afirma o empresário. Segundo ele, nas regiões industrializadas, a renda é mais elevada e requer mão de obra qualificada, que acaba indo para a cidade e aumenta a demanda por imóveis. “Várias cidades do interior estão se desenvolvendo mais do que as capitais e começam a abrir oportunidades com custos mais baixos e melhor qualidade de vida.” Nos próximos 3 anos, o interior deve representar de 30% a 40% dos lançamentos da Casa Mais.
Não é somente a posição geográfica de Uberlândia, próxima de São Paulo e da região Centro-Oeste, a grande responsável para que a cidade atraia investimentos. “Uberlândia teve crescimento superior ao de Minas e do Brasil. Em 2013, foi de 5%. Para 2014 esperamos aumentar mais em função da Copa do Mundo e das eleições”, prevê o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Romes Junqueira. Segundo ele, o trabalho para atração de empresas tornou-se mais amplo e vai além da oferta de incentivos fiscais: querem cidades bem estruturadas. “Uberlândia tem boa infraestrutura. Hoje não há dificuldade de logística do ponto de vista aeroportuário, ferroviário e viário.”
Considerada a capital do Norte de Minas, Montes Claros vem se destacando na atração de empresas e ainda puxa o desenvolvimento de cidades em seu entorno. No ano passado ganhou unidade da Alpargatas, viu o fortalecimento de seu comércio e de empresas locais e prepara-se para abrigar a Case New Holland. “Nosso foco é atrair grandes empresas, modernizar o Distrito Industrial e construir outro, que receberá a New Holland, e um centro de logística, além de criarmos o porto seco”, diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Reinaldo Landulfo Teixeira. Para ele, quanto mais os investimentos forem para o interior, melhor para Minas e também para fortalecer a economia das cidades para que consigam absorver a mão de obra local e evitar deslocamentos para as capitais.
“Além de Montes Claros, Capitão Eneas, Francisco Sá, Bocaiúva devem receber pequenas indústrias da cadeia produtiva das grandes empresas que aqui se instalam. Ainda há muito campo para crescer, mas é preciso pensarmos o desenvolvimento regionalmente para não incharmos Montes Claros”, declara Teixeira. Os setores que mais crescem são os de alimento, têxtil, biotecnologia, construção civil e calçados. De acordo com ele, o desenvolvimento do interior está muito além da falta de espaço na capital. É questão de mercado consumidor e disponibilidade de matéria-prima. Com isso, a participação do interior é cada vez maior na formação do PIB mineiro.
Fonte: Revista Viver Brasil