Usado como instrumento de ressocialização, o ensino de música é fruto da parceria da penitenciária com o Projeto Renascença.
A Penitenciária Deputado Expedito de Faria Tavares, de Patrocínio, no Alto Paranaíba, atingiu em 2015 a marca de 60 presos estudando música. São todos detentos do regime fechado, que aprendem canto coral, violão, cavaquinho e percussão em aulas distribuídas por quatro dias da semana.
Usado como instrumento de ressocialização, o ensino de música é fruto da parceria da penitenciária com o Projeto Renascença, criado por presbiterianos da Universidade Mackenzie, de São Paulo, e do Instituto Bíblico Eduardo Lane (Ibel), que forma evangelistas e mantém cursos com ênfase em música na cidade de Patrocínio.
A pedagoga Juliana Alves Silva, servidora do estabelecimento prisional responsável pelas oficinas de arte e de informática, destaca a qualidade e o rigor da educação musical oferecida pelos quatro professores do Projeto Renascença. “Não é entretenimento, é música mesmo, com partitura e tudo”, destaca.
Na liderança desse grupo de educadores está uma acadêmica apaixonada, a pianista Ruth de Sousa Ferreira Silva, graduada e mestre em Música pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Às terças-feiras, ela viaja a Patrocínio para dar aulas: de manhã na penitenciária e à tarde no Ibel.
“Ensinar música para os presos é uma experiência marcante. As aulas são uma ruptura com a rotina de reclusão que eles vivem. Aqui têm de se expor socialmente, trocar impressões, atuar em grupo, ir além do que conhecem de si mesmos”, analisa Ruth.
Com 17 anos de pena a cumprir, Marcelo de Oliveira Dias, destaca justamente a mudança psíquica e espiritual proporcionada pelas aulas de música. “Não é só aprender violão e canto. É ganhar autoestima e ao mesmo tempo ter uma convivência com respeito ao próximo. Junto com a música, a professora estimula a gente na parte do crescimento espiritual”, diz.
Marcelo frequenta as aulas de música há um ano e meio, quando ainda estudava na escola da penitenciária. Em 2015, fez pela segunda vez a prova do Enem, a despeito da impossibilidade de fazer um curso de graduação presencial por causa do tempo a cumprir em regime fechado.
Assim como Marcelo, quase todos os alunos dos cursos de música são também estudantes da escola regular instalada na penitenciária. “Damos prioridade para eles, que já estão sendo avaliados em sala de aula”, explica a pedagoga Juliana. Uma das maiores do sistema prisional de Minas Gerais, a escola faz parte da rede estadual de ensino e oferece 220 vagas, que foram totalmente ocupadas ao longo de 2015.