Iniciativa de quatro alunos da Fundação João Pinheiro visa integrar projetos de tecnologia às ações governamentais.
Estudantes da Fundação João Pinheiro (FJP), do Curso de Administração Pública, criaram uma plataforma digital inovadora para levar soluções tecnológicas aos órgãos públicos estaduais. Por meio do aplicativo Junto os alunos conseguem, por exemplo, promover a interação do Estado com as empresas do Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed) que possam contribuir para a melhoria dos serviços públicos.
Um bom exemplo da parceria é o apoio da Junto à Signa, startup que está sendo acelerada pelo Seed e que oferece cursos virtuais de capacitação para o mercado de trabalho a pessoas com deficiência visual e auditiva. Com uma plataforma adaptada e cursos produzidos didaticamente em libras e com legendas, a Signa também atua junto a empresas para o recrutamento e a integração dessas pessoas no ambiente de trabalho.
“A Junto apresentou a Signa à Coordenadoria Especial de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (Caade), órgão da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac). Eles gostaram da ideia e, além de ajudar na divulgação da plataforma, também vão disponibilizar contatos e analisar a possibilidade de novas parcerias para a oferta dos cursos”, conta Pedro Andrade, um dos fundadores da Junto.
Para Andréa Motta, responsável pelas parcerias do Seed, a Junto surge como uma excelente parceira por trazer ao ambiente político as inovações que estão sendo produzidas e podem também solucionar problemas de gestão pública, demonstrando caminhos inovadores para a condução eficiente das políticas públicas em vários setores.
“Um exemplo desse trabalho é a mediação da equipe da Junto com empreendedores de startups do Seed que fornecem soluções inteligentes para problemas de interesse da gestão pública como educação, acessibilidade, transporte e gestão de resíduos”, afirma. “A equipe identifica os atores/tomadores de decisão no governo e faz um trabalho de conexão deles com as soluções das startups, facilitando muito o início de um diálogo que poderia demorar bastante tempo sem a ajuda da Junto”, acrescenta.
A plataforma Junto pode ser acessada pelo endereço http://govjunto.org. Lá empreendedores podem cadastrar iniciativas julgadas inovadoras para o serviço público e agentes públicos podem solicitar soluções para ampliar a efetividade de suas ações. “Queremos que a Junto seja uma de muitas iniciativas com objetivo de fomentar a inovação no setor público mineiro, interagindo cada vez mais com o ecossistema de empreendedorismo e inovação em ascendência hoje em Minas Gerais”, finaliza Pedro Andrade.
A favor do cidadão
Outra parceria firmada pela Junto foi com o projeto Malalai, startup que se propõe a doar dispositivos para mulheres de baixa renda em situação de violência doméstica e trabalhar para que esses dispositivos possam acionar a Central de Atendimento à Mulher, o Disque 180, de forma mais ágil. “A doação será viabilizada por meio de um sistema X by 1, em que a cada número x de dispositivos vendidos um será doado. Ainda não temos essa proporção, pois é provável que a produção só tenha início no ano que vem”, explica a fundadora da Malalai, Priscila Gama.
Segundo ela, a ideia estava temporariamente arquivada por falta de parceiros e de acesso às informações relativas ao número de mulheres em situação de violência com benefício de medida protetiva. “A Junto iniciou um processo mais eficaz ao nos conectar à Subsecretaria de Políticas para as Mulheres, órgão estadual à frente das ações em defesa da mulher. E o melhor é que, em nível estadual, temos a possibilidade de ampliar nossa atuação”, planeja.
Priscila conta que, nas próximas semanas, a Malalai vai lançar na web um mapeamento colaborativo de rotas de risco para o qual qualquer pessoa poderá fornecer informações sobre os caminhos: ruas movimentadas, má iluminação, assédio recorrente, pontos comerciais abertos, presença de porteiro/segurança ou posto policial.
“O mapa poderá ser consultado em tempo real e, assim, será possível que a mulher escolha o caminho considerado mais seguro”, descreve. “Dessa forma, criaremos um banco de dados úteis para elevar a eficácia de medidas do poder público: por exemplo, informações sobre assédio em determinada rota serão bastante relevantes para reforço de policiamento”, analisa Priscila.