A 10ª e última sessão legislativa ordinária do mês de outubro na Câmara de Uberlândia, realizada na última quarta-feira, 19/10, teve entre suas pautas aprovadas a doação de uma área de 7.776,43 m² no bairro Alto Umuarama para a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O terreno será utilizado pela instituição para a construção do Instituto da Criança e do Adolescente, uma obra projetada pela arquiteta do Hospital de Clínicas (HCU-UFU), Leonor Tavolucci, e com orçamento previsto em cerca de R$ 50 milhões. O espaço é delimitado pelas avenidas João Pinheiro, Afonso Pena, Francisco Bueno Monteiro e Adhemar de Freitas Macedo e abrange área um pouco maior que o gramado do Estádio Municipal Parque do Sabiá.
A nova unidade de saúde deve contar com 120 leitos – divididos entre os setores de pronto-socorro, ambulatório, internação, UTI, Centro Cirúrgico e Hospital. Nesta semana, o reitor da UFU, professor Elmiro Santos Resende, aproveitou sua viagem a Brasília para tentar novos recursos para a edificação do instituto. “O projeto de criar o Hospital da Criança e do Adolescente é de 2003, mas a universidade não tinha a área. Como apenas agora a doação foi aprovada, ainda não sabemos quando vamos conseguir começar a construi-lo e também não temos como estipular uma data para a sua conclusão”, explicou, acrescentando que as verbas já obtidas para esta obra não serão revertidas para outras despesas da UFU na área de saúde: “Não podem ser usados para custeio nem finalização de outra obra, como a do novo pronto-socorro, que está paralisada. Estamos providenciando os empenhos para começar a construção do instituto.”
Carência antiga
Chefe do Serviço de Pediatria do HCU há 15 anos e uma das idealizadoras do Instituto da Criança e do Adolescente, a médica Isabel Cristina Rodrigues Guimarães Roscoe considera esta uma obra de enorme importância para a macrorregião que depende dos serviços daquela unidade de saúde. “Atualmente, temos que atender todos os casos de alta e média complexidade em pediatria, inclusive os oncológicos, sem a estrutura que seria adequada para estes cuidados especiais com os pacientes e até mesmo para recebermos as suas famílias. Este modelo com institutos separados por especialidades é utilizado com sucesso por várias instituições públicas estaduais e federais, a exemplo do que ocorre no Hospital Universitário da USP, em São Paulo”, comenta a pediatra. Ainda de acordo com ela, é importante frisar que após o início dos serviços no instituto os atendimentos continuarão ocorrendo de forma totalmente vinculada ao Hospital de Clínicas e em convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).
A empresária Giovanna Bortolozzo de França é uma das principais entusiastas do projeto da nova unidade de saúde. Durante aproximadamente três anos, ela sentiu na pele e acompanhou de perto o sofrimento das famílias de crianças e adolescentes internados no HCU. “Minha filha, Isabella, foi diagnosticada em outubro de 2012, sofreu um AVC em junho de 2013 e, desde então, ficou internada em coma por 14 meses, até que a levamos para casa, onde ela ficou recebendo cuidados pelo sistema de home-care por mais 8 meses e faleceu. Então durante muito tempo nós praticamente moramos no Hospital de Clínicas e vimos as necessidades inerentes a este tipo de atendimento”, relata.
Uma das formas encontradas para seguir a vida apesar de toda dor imensurável pela perda da filha aos 12 anos de idade foi a criação de uma organização não-governamental com os objetivos principais de dar suporte às pessoas que enfrentam tantas dificuldades nos corredores e leitos daquele hospital e, sobretudo, de batalhar pela construção do Instituto da Criança e do Adolescente. “Nós tentamos ajudar no que estiver ao nosso alcance e levantamos recursos com bingos, bazares e jantares beneficentes, por exemplo. Agora, com a confirmação da doação da área para a UFU, vamos intensificar estes eventos e também buscar apoio junto aos políticos para buscarmos novas verbas para que este projeto saia do papel o quanto antes e possamos evitar que mais famílias passem por tantas situações que enfrentamos e que não ocorreríamos se existisse este instituto.”
* Com informações do Portal da Câmara Municipal de Uberlândia / Comunica UFU