A suspeita de ocorrência de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como o mal da vaca louca, em um frigorífico de Belo Horizonte (MG), revelada na última semana, foi confirmada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A pasta também informou, no sábado (4), a existência de um caso da doença em um frigorífico de Nova Canaã do Norte (MT).
As confirmações foram feitas na sexta-feira (3) pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá. Segundo a pasta, todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório. “Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”, destacou, em nota.
Conforme preveem as normas internacionais, o Brasil também notificou oficialmente a OIE da ocorrência. No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações de carne bovina ficam suspensas temporariamente. A medida, que passou a valer no sábado (4), ficará em vigor até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações já repassadas sobre os casos.
A China é o maior parceiro comercial brasileiro. Junto com Hong Kong, o país asiático foi responsável por 59% da receita e do volume exportado pelo Brasil em carne bovina (in natura e processada) desde o início deste ano, conforme dados da Associação Brasileira de Frigoríficos.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em julho, foram exportadas 91.144 toneladas do produto, crescimento de 11,2% em relação ao mesmo mês de 2020, com alta de 19,1% nas receitas, somando US$ 525,5 milhões.
Os dois casos atípicos de vaca louca confirmados, um em cada estabelecimento, foram detectados durante a inspeção realizada antes do abate dos animais. “Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avançada e que estavam em decúbito [deitadas] nos currais”, explicou o Mapa.
Em reportagem publicada no dia 1º de setembro, o Regionalzão mostrou que o caso de vaca louca em Minas teria surgido em junho envolvendo uma vaca velha em um frigorífico de Belo Horizonte com habilitação de exportações.
O Regionalzão também já havia informado, na mesma matéria, que, devido ao fato, unidades frigoríficas no estado e no restante do país estavam adotando cautela nas compras de gado, para não ficarem com estoques sem escoar, e no abate. A paralisação do comércio neste segmento já havia afetado o preço do boi no mercado.
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclareceu que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) exclui a ocorrência de casos atípicos da vaca louca para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país. “Desta forma, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos”, completou.
Segundo o ministério, estes são o quarto e quinto casos atípicos da doença registrados em mais de 23 anos de vigilância do país. Eles ocorrem de maneira espontânea e esporádica e não estão relacionados à ingestão de alimentos contaminados. A pasta destacou que o Brasil nunca registrou a ocorrência de caso clássico do mal da vaca louca.