A Câmara Municipal de São Simão decidiu, por 9 votos a 2, pela cassação do mandato do prefeito Assis Peixoto (PSDB), que foi preso suspeito de crimes sexuais. O político foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás por importunação sexual e divulgação de pornografia envolvendo menores. A decisão foi tomada em reunião realizada na tarde desta segunda-feira, 25.
A definição ocorreu após horas de debates, já por volta das 21h, sendo que apenas os vereadores Kebinha e Laerte votaram contra o impeachment de Assis Peixoto. Os vereadores acataram recomendação da Comissão Processante de Impeachment.
A Comissão Processante de Impeachment é formada pelos vereadores Adriano Pimenta (PTB), Professor Fernando (DEM), Vilarinho (PSC) e teve como advogado o tijucano Lucas Cavalcante.
O advogado da Comissão Processante de Impeachment é bem conhecido em Ituiutaba, o professor de Direito na UEMG, Lucas Cavalcante. Por telefone declarou à este repórter: “A Comissão Processante funcionou com a celeridade que a sociedade demandava. Também da forma mais garantista, conferindo à defesa ampla oportunidade de produzir provas e argumentos. Encerrou seus trabalhos e produziu um parecer claro e exauriente. O presidente da Câmara marcou a sessão de julgamento pra hoje e os vereadores puderam votar com segurança”, afirmou.
O pedido para a abertura do procedimento foi feito jornalista Luís Manuel Lima de Araújo, de 30 anos, após denunciar que foi abusado pelo prefeito quando era criança.
O político ficou preso no Complexo Prisional em Aparecida de Goiânia desde o 28 de julho e foi solto por força de decisão da justiça no dia 2 de setembro.
Afastamento
O vice-prefeito já havia assumido o cargo interinamente. A Câmara negou um pedido de afastamento feito pela defesa, alegando que Assis Peixoto tem problemas de saúde. Entretanto, foi apresentado um laudo médico de 2017, que não foi aceito por ter sido considerado antigo.
Denúncias
Entre as denúncias está a da mãe de um adolescente de 15 anos, que preferiu não se identificar, e contou que o prefeito fez várias videochamadas com o filho e, em uma delas, mostrou as partes íntimas.
“Ele fez outra videochamada, aí mostrando as partes íntimas dele. Teve outra videochamada, só que meu filho foi tão inteligente que ele gravou a chamada. Falei: ‘meu filho, isso é caso de polícia, não está certo’”, contou a mãe.
O filho dela disse que ficou surpreso com a ligação. “Não esperava que aparecesse pelado. Depois que nós terminamos a ligação ele falou que queria colocar o trem dele em mim, falou que queria marcar encontro”, disse o adolescente.
O jornalista Luís Manuel Lima de Araújo, de 30 anos, também procurou o MP e denunciou que foi abusado pelo prefeito quando criança.
“Na primeira vez, eu estava cercado com meus amigos na piscina, brincando, conversando. Eu tinha 9 para 10 anos de idade, quando ele segurou minha mão por debaixo da água e levou minha mão até a sunga dele. E eu pude notar que ele estava excitado sexualmente”, disse.
O jornalista conta que ficou traumatizado após ser vítima do prefeito. Os abusos teriam acontecido até os 16 anos. “A qualquer instante, a qualquer local onde ele estivar seguro de olhares, sozinho, isolado, é um toque que ele faz, uma palavra obscena que ele diz”, disse.