Em 15/4, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um alerta sobre casos de hepatite aguda grave, de origem desconhecida, em crianças no Reino Unido. Outros países como Espanha e Estados Unidos também já haviam relatado casos da doença. Agora em maio, casos começaram a ser investigados no Brasil, sendo Minas Gerais um dos estados que apresenta casos suspeitos.
A Fundação Ezequiel Dias (Funed) atua em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) na investigação da doença. De acordo com o fluxo estabelecido, as amostras suspeitas devem ser testadas para hepatites A e B (exame sorológico), hepatite C (exame molecular), enterovírus (exame molecular), citomegalovírus (exame molecular), Epstein-Barr (exame molecular), adenovírus (exame molecular), norovírus (exame molecular), arbovírus: dengue, chikungunya, zika e febre amarela (exame sorológico e molecular) e SARS-CoV-2 (exame sorológico e molecular).
Desses, a Funed atualmente realiza exames para hepatite A, B e C, adenovírus, arbovírus (dengue, chikungunya, zika e febre amarela) e SARS-CoV-2. Para o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR), Felipe Campos de Melo Iani, desde o relato dos primeiros casos suspeitos, a Funed tem trabalhado para implantar os diagnósticos moleculares ainda não ofertados nos laboratórios da instituição. “Até que os exames sejam disponibilizados pela fundação, estamos contando com o apoio de instituições parceiras, como a Fundação Hemominas, para o diagnóstico de citomegalovírus, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para o diagnóstico de Epstein-Barr e herpes vírus, e com a referência nacional da Fiocruz-RJ, para o diagnóstico de enterovírus e norovírus para elucidação dos casos”, explica.
O SVR também está se organizando para realizar o sequenciamento do adenovírus da mesma forma que já contribuiu nas epidemias de febre amarela, zika, dengue e pandemias de Influenza e SARS-CoV-2. “É importante ressaltar, contudo, que existem poucos dados genômicos de adenovírus depositados em banco de dados públicos, o que pode prejudicar, em parte, a caracterização de cepas de adenovírus circulantes internacionalmente”, reforça o chefe do Serviço.
Adenovírus
Os adenovírus são vírus de DNA que podem infectar o trato respiratório, provocando síndrome gripal ou infectando o trato digestivo, podendo causar diarreia. Eles são encontrados em todas as regiões do mundo e são associados a infecções respiratórias em 2 a 5% na população em geral.
No gráfico abaixo, é possível observar a dispersão desse agente (azul claro) em casos detectáveis de janeiro de 2021 até abril de 2022, em Minas Gerais. Como relata a referência técnica do Laboratório de Vírus Respiratórios da Funed, André Leal, em agosto de 2021,o adenovírus foi o quinto vírus mais frequentemente identificado em amostras encaminhadas à Fundação. Em 2021, foram realizados 6.035 testes para pesquisa desse agente. Já em 2022, até abril, 3.615 testes já foram disponibilizados para vigilância epidemiológica, somente para adenovírus. “Tais resultados demonstram a capacidade que o SVR apresenta no processamento de amostras e na pesquisa desse agente e nos demais vírus respiratórios. Importante frisar também que nem todo caso positivo de adenovírus causa hepatite”, reforça André Leal.
No Reino Unido, em atualização de 6/5/2022, entre os 163 casos suspeitos, 126 foram testados para adenovírus, sendo que 91 deles apresentaram resultado detectável. De acordo com o Fields Virology, os adenovírus F41 são mais associados a quadros de diarreia por apresentarem mais infecções no trato gastrointestinal.
Hepatite
A hepatite é uma doença inflamatória que acomete o fígado. Existem cinco cepas principais do vírus da hepatite, conhecidas como tipos A, B, C, D e E. Embora todas causem doenças do fígado, elas possuem formas diferentes de transmissão, gravidade, distribuição geográfica e prevenção.
Em grande parte dos casos, as hepatites virais são doenças silenciosas que não apresentam sintomas ao longo dos anos. Geralmente, a doença já está em estágio mais avançado quando os sinais aparecem.Os mais comuns são febre, fraqueza, dor abdominal, enjoo, náuseas, vômitos, perda de apetite, urina escura, olhos e pele amarelados (icterícia) e fezes esbranquiçadas.
Saiba mais sobre o assunto na nota à imprensa publicada pela SES-MG.