“Como prefeito, escolhi fazer pela periferia e paguei um preço”. Com esta frase, o ex-prefeito de Uberlândia é pré-candidato a deputado federal Gilmar Machado (PT) descreveu o principal motivo que ele considera responsável por não ter conseguido se reeleger para mais quatro anos à frente da Prefeitura de Uberlândia nas eleições em 2016. A afirmação foi feita em entrevista ao Regionalzão Talk, novo programa do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, com ênfase na cobertura política do estado de Minas Gerais.
“Tirei 10 mil pessoas do aluguel. Só que isso deixou muita gente incomodada”, disse Gilmar Machado sobre as construções de moradias na segunda maior cidade do estado, através de programa popular, enquanto prefeito. “(Também) mexi na questão da saúde, criei a Fundasus. Isso mexeu com o interesse de muita gente. Enfrentei a terceirização. Isso é uma coisa que as pessoas não gostam. Porque é mais fácil terceirizar, colocar ONGs de igrejas e de vereadores, que loteiam cargos. Então, quebrei essa questão e isso incomoda muita gente”, afirmou o ex-prefeito de Uberlândia.
Também durante a entrevista ao Regionalzão Talk, o pré-candidato a deputado federal afirmou que se considera de esquerda e defendeu a inclusão das pessoas, a divisão de renda e a taxação dos que têm mais recursos para colocar para ajudar os que menos têm. “Por isso, minha gestão (como prefeito de Uberlândia) foi comprometida com quem está na periferia. Fazer asfalto na periferia, fazer escolas”, disse.
LEGISLATIVO X EXECUTIVO
Ainda durante a entrevista, o ex-prefeito de Uberlândia e ex-deputado estadual e ex-deputado federal falou sobre seu perfil político e comentou sobre a opinião de quem acha que ele tem características mais voltadas ao Poder Legislativo do que ao Poder Executivo. “É o olhar as pessoas. Cada um olha de um jeito. Eu, realmente, tenho um prazer muito grande em ser parlamentar. Meu perfil é de diálogo. Como prefeito é diferente. Você define o que vai fazer”, avaliou Gilmar Machado, que é atual pré-candidato a deputado federal.
PRISÕES
Também durante a entrevista, Gilmar Machado comentou sobre as prisões que enfrentou em 2018. O ex-prefeito de Uberlândia foi preso duas vezes naquele ano. Em abril de 2018, o ex-chefe do Executivo municipal foi preso durante a Operação “Encilhamento” da Polícia Federal (PF). De acordo com a PF, na época, eram apuradas suspeitas de irregularidades envolvendo a aplicação de recursos de institutos previdenciários em fundos de investimento. Foi a primeira vez que um ex-chefe do Executivo foi preso na cidade.
Em setembro do mesmo ano, o ex-prefeito de Uberlândia foi preso novamente. Desta vez, foi durante a Operação “Kms de Vantagem”. Na época, as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontavam suspeita de irregularidades em licitações de vans do Município em 2014.
“Qual foi o período? Da (Operação) Lava Jato. Eu mexi com estruturas. Infelizmente, não é todo Ministério Público, mas eles entraram numa onda de cassação de tentar combater a política e ao mesmo tentar matar o PT (Partido dos Trabalhadores). E em Uberlândia não foi diferente”, afirmou o ex-prefeito de Uberlândia. “Tanto é que as denúncias que me levaram (a ser) preso foi das vans. Eu não tenho van. A denúncia foi feita por um cara que falsificou ata. Está comprovado. Foi preso depois por ter falsificado a ata, que me levou a ser preso em uma denúncia do Ministério Público que o juiz não aceitou até hoje”, completou Gilmar Machado.
Nos últimos anos, Gilmar Machado tem obtido vitórias na Justiça em alguns dos processos que corriam na esfera judicial contra ele. “Esse processo da Lava Jato ainda não terminou. Eu respondi e ganhei todo os processos até agora. Só que depois que eu terminar todos esses julgamentos, vou entrar com ação contra eles”, conclui o pré-candidato a deputado federal Gilmar Machado.
BIOGRAFIA
Duas vezes deputado estadual, deputado federal por quatro mandatos consecutivos, líder e vice-líder dos governos Lula e Dilma por seis vezes seguidas, Gilmar Machado foi prefeito de Uberlândia na gestão 2013/2016.
Considerado um dos parlamentares mais influentes do país por sete vezes consecutivas na lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entidade que desde 1994 analisa o desempenho de deputados e senadores e faz um ranking dos 100 mais influentes, Gilmar Machado teve importantes passagens pelo Congresso Nacional. Foi relator do Orçamento do país, presidiu a Comissão de Educação, relatou o Estatuto do Torcedor e foi autor do Plano Nacional de Cultura (PNC), prorrogado e em vigência até dezembro deste ano.
Também como deputado, Gilmar Machado foi relator da Lei Aguinelo Piva, que garante recursos para o esporte por meio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e Comitê Paraolímpico Brasileiro e criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar.
Como prefeito de Uberlândia, segundo sua biografia, iniciou e garantiu recursos para a construção da primeira etapa do Sistema de Captação e Tratamento de Água de Capim Branco, que garantirá água para até 1,5 milhão de pessoas, construiu 16 Escolas Municipais em Uberlândia e 9 Unidade Básica de Saúde da Família (UBSFs) na maior cidade do interior mineiro.
Ainda de acordo com sua biografia, Gilmar Machado também idealizou, projetou e garantiu a viabilização de recursos para implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 192 em 26 municípios da região do Triângulo Norte. E garantiu moradia para mais de 25 mil famílias em Uberlândia, através do Programa Minha Casa Minha Vida, enquanto deputado e prefeito durante os governos Lula e Dilma.