Depoimento de ex-comandante do Exército preocupa defesa de Bolsonaro

Freire Gomes, ex-comandante do Exército, forneceu detalhes de reuniões em que Bolsonaro teria discutido caminhos para um golpe militar

Em primeiro plano, Jair Bolsonaro e o ex-comandante do Exército, General Freire GomesFoto: Marcos Correa - PR

O depoimento do ex-comandante do Exército, General Freire Gomes, deixou a defesa do ex-presidente Bolsonaro bastante preocupada. Para o entorno do ex-presidente, os relatos de Freire Gomes são os mais graves até o momento.

Para a Polícia Federal, o ex-comandante afirmou ter participado de reuniões no Palácio do Planalto, onde foram discutidos possíveis caminhos para um golpe militar sob o comando de Bolsonaro. O depoimento na íntegra foi revelado pela revista Veja, que teve acesso ao documento.

Segundo Freire Gomes, o ex-presidente Bolsonaro detalhou diretamente aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica como ocorreria uma ruptura institucional, com intuito de alterar o resultado legal das eleições. No entanto, Freire Gomes alega que teria alertado o capitão sobre os possíveis crimes na trama golpista.

A primeira reunião ocorreu em 7 de dezembro, mais de 1 mês após a derrota nas urnas, e já havia sido antecipada pelo depoimento de Mauro Cid, ex-braço direito de Bolsonaro. Na ocasião, o capitão apresentou aos comandantes das três forças uma minuta para decretar uma operação de GLO – Garantia da Lei e da Ordem.

Segundo o ex-comandante do Exército, o então comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, colocou suas tropas à disposição de Bolsonaro para iniciar o golpe militar. Porém, tanto o próprio Freire Gomes quanto o comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Carlos Alberto Baptista Júnior, não aderiram ao movimento.

Segundo o depoimento, Freire Gomes afirmou que uma nova reunião foi convocada com os três comandantes. No novo encontro, também estava presente o então Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que apresentou uma nova minuta golpista. Dessa vez, previa a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral.

Freire Gomes ainda foi confrontado com a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e teria reconhecido o texto como um dos que foram apresentados pelo ex-presidente. Segundo Freire, Torres prestava uma espécie de consultoria jurídica para supostamente dar alguma legalidade ao golpe militar.

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