A operação que investiga a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) em licitações públicas resultou na prisão de 14 pessoas nesta terça-feira (16), incluindo três vereadores, em Ferraz de Vasconcelos, Santa Isabel e Cubatão, cidades paulistanas. Além deles, foram detidos funcionários públicos, advogados e empresários. A ação, denominada Operação Muditia, é uma iniciativa conjunta do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Militar.
As prisões são temporárias, com duração de cinco dias, podendo ser prorrogadas e convertidas em prisão preventiva posteriormente. Segundo o promotor Yuri Fisberg, responsável pela operação, as detenções visam evitar que os suspeitos interfiram nas investigações.
Durante as buscas, realizadas em 11 prédios públicos, 21 conjuntos residenciais e dez estabelecimentos comerciais, foram apreendidas quatro armas, mais de 200 munições, 22 celulares e notebooks, além de valores em dinheiro: R$ 3,5 milhões em cheques, R$ 600 mil em espécie e quase 9 mil dólares.
Dos 11 prédios públicos alvo das buscas, sete eram prefeituras (Guararema, Poá, Itatiba, Ferraz de Vasconcelos, Santa Isabel, Arujá e Cubatão) e quatro eram sedes de Câmaras Municipais (Ferraz de Vasconcelos, Santa Isabel, Arujá e Cubatão). O promotor ressalta que nem todas as prefeituras investigadas participavam do esquema.
Pelo menos oito empresas estão sob investigação, sendo que uma movimentou mais de R$ 200 milhões em contratos públicos.
A Operação Muditia, realizada em diversas cidades do estado de São Paulo, é a segunda em uma semana que investiga o envolvimento do PCC em licitações públicas. Promotores destacam que a facção tem ampliado seus negócios para além do tráfico de drogas, mirando contratos com o poder público.
O nome da operação, Muditia, faz referência ao grupo econômico investigado e aos principais contratos firmados entre o PCC e o poder público, envolvendo mão-de-obra terceirizada para limpeza e postos de fiscalização e controle.
As investigações apontam para a simulação de concorrência pública entre empresas parceiras ou do mesmo grupo econômico. Há indícios de corrupção sistemática de agentes públicos e políticos, além de diversos outros delitos, como fraudes documentais e lavagem de dinheiro.
Para impedir a continuidade desses crimes envolvendo licitações públicas, os promotores defendem medidas adicionais, como o fortalecimento do compliance nas prefeituras e órgãos públicos.
As prefeituras e Câmaras Municipais envolvidas emitiram notas informando que estão à disposição da Justiça para colaborar com as investigações.