A partir desta segunda (4), o Brasil removeu oficialmente a vacina oral contra a poliomielite, conhecida como “gotinha”, do calendário vacinal. A partir de agora, a vacina inativada contra poliomielite (VIP), que é aplicada por injeção, a substituirá. Esse será o fim do Zé Gotinha?
A mudança, confirmada pelo Ministério da Saúde, faz parte de uma estratégia para prevenir os riscos associados à poliomielite derivada da vacina, especialmente em áreas com baixa cobertura vacinal e condições sanitárias precárias.
A vacina oral (VOP) contém um vírus enfraquecido que, em situações de saneamento inadequado, pode causar casos raros de poliomielite associados à vacinação.
A decisão de trocar a vacina oral pela injetável tem o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Ana explicou que a VOP agora será utilizada apenas para controle de surtos em situações de emergência. Isso ocorre em regiões de conflito, como a Faixa de Gaza, que relatou casos de paralisia flácida.
Em 2023, o Ministério da Saúde anunciou que apenas a VIP será aplicada como reforço de poliomielite aos 15 meses de idade. A vacina injetável já era administrada nos primeiros meses de vida (2, 4 e 6 meses), conforme o Calendário Nacional de Vacinação. O reforço, anteriormente aplicado aos 4 anos, também será eliminado. O esquema vacinal com quatro doses já garante proteção suficiente contra a poliomielite.
A atualização do calendário levou em conta critérios epidemiológicos e evidências científicas. O objetivo é minimizar o risco de casos de poliomielite derivados da vacina. Embora o Brasil não registre casos desde 1989, a queda nos índices de cobertura vacinal preocupa especialistas e autoridades de saúde.
Entre 2019 e 2021, aproximadamente 67 milhões de crianças em todo o mundo perderam doses parciais ou completas de vacinas de rotina. Durante a pandemia, a vacinação contra a poliomielite foi interrompida por quatro meses pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, uma parceria da OMS. Além disso, emergências humanitárias e conflitos têm dificultado a manutenção de uma cobertura vacinal robusta.