O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) lançou mão de um dos episódios mais sombrios da história jurídica brasileira — o caso dos irmãos Naves, ocorrido em Araguari no Triângulo Mineiro — para ilustrar sua crítica ao Supremo Tribunal Federal durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No artigo intitulado “O julgamento do século”, publicado no site Pleno.News, Feliciano acusa o STF de promover um “espetáculo midiático” e questiona os fundamentos jurídicos da ação que apura suposta tentativa de golpe de Estado.
Nas entrelinhas, o recado é claro: para Feliciano, o processo que envolve Bolsonaro e seus aliados se baseia mais em narrativa política do que em provas consistentes. Ele menciona o ministro Luiz Fux, que teria alertado para uma “inversão de competência”, já que os investigados não teriam foro privilegiado. “Abre-se um grave precedente em toda a ação jurisdicional”, escreveu o deputado.
O ponto alto do texto, no entanto, é quando Feliciano revisita o emblemático caso dos irmãos Naves — dois jovens de Araguari no Triângulo Mineiro que, em 1937, foram presos, torturados e condenados injustamente por um crime que jamais cometeram. Décadas depois, a inocência deles foi reconhecida, mas a reparação veio tarde demais.
Ao citar o episódio, Feliciano tenta provocar reflexão: “Façamos de tudo para que a história não se repita.” E encerra com um trecho atribuído a Voltaire: “É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente.”