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Minas Gerais ainda tem quase 18 mil moradias precárias

Adelino Júnior

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Dificuldade. Com três filhos – um de 1 mês –, Liliane vive em casa de dois cômodos e sem sanitário (Foto: Douglas Magno / O Tempo / Reprodução)

No barracão onde Liliane Pires, 24, mora com os três filhos pequenos e o marido, apenas uma cama de solteiro e um fogão ocupam os dois cômodos. Na casa simples que a atendente de lanchonete ergueu na ocupação Rosa Leão, dentro da comunidade Zilah Spósito, no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte, não há banheiro nem geladeira. Há em Minas Gerais 17.913 moradias precárias, como a de Liliane, segundo estudo da Fundação João Pinheiro concluído em junho último. Destas, 2.538 estão na região metropolitana, espalhadas em loteamentos irregulares, embaixo de pontes e viadutos, em carcaças de carros e até em cavernas.

“Morava com minha sogra, mas ela se mudou, e nós não pudemos ir junto. Quando a ocupação (Rosa Leão) começou, a gente veio para cá, viver em um barraco de madeira. Há dois meses, construímos esta casa de tijolos”, contou a atendente de lanchonete, que tem um filho de 6 anos, outro de 3 anos e um com apenas 1 mês. A família é sustentada com o salário mínimo (R$ 724) que ela recebe trabalhando em uma lanchonete do centro, mais a renda dos bicos que o marido faz, como servente.

Com déficit de 510 mil unidades habitacionais, Minas é hoje o segundo na lista de unidades da federação onde mais faltam moradias. O Estado também é vice-campeão em número de moradias precárias na região Sudeste. Na maioria das vezes, segundo líderes comunitários, arquitetos e urbanistas, o modo de vida sem infraestrutura mínima – incluindo saneamento básico e água encanada – é forçado pelos altos valores dos aluguéis, que consomem grande parte dos já reduzidos salários.

Para evitar o aluguel de R$ 300 que pagava no bairro Londrina, em Santa Luzia, na região metropolitana, a aposentada Idailde Arcanjo de Medeiros, 52 – também moradora da Rosa Leão –, montou seu barraco quando a ocupação surgiu, há um ano e meio. Na casa de madeira dela também não há banheiro, e um colchão é usado como cama. O fogão fica do lado de fora. A energia elétrica e a água chegam por ligações clandestinas.

“Eu moro sozinha e ganho R$ 724 de aposentadoria. Pagar R$ 300 de aluguel estava puxado. Então, vim para cá e montei meu barraco. Aqui a gente usa o banheiro comunitário, às vezes tem até fila”, diz a mulher, que faz hemodiálise há 21 anos e vai de ônibus para a região hospitalar da cidade três vezes por semana.

Ratos. Casados, os paraibanos Maria Aparecida da Silva, 53, e Luiz Cesário da Silva, 58, reclamam do esgoto e dos ratos que invadem a casa onde moram, na vila da Luz, na junção do Anel Rodoviário com a BR–381, na região Nordeste da capital. Há cinco anos, o casal veio da região metropolitana de João Pessoa em busca de trabalho e se instalou no aglomerado irregular, às margens de uma rodovia. Eles vivem da catação de materiais recicláveis.

“Aqui é bom de viver, mas tem muito atropelamento e rato. Não quero sair da vila, mas pretendo construir uma casa melhor”, afirma Maria Aparecida, que vive com R$ 500 mensais que ganha com a venda de materiais recicláveis, somados a doações.

Na última semana, o casal erguia uma primeira parede de tijolos na casa que construiu quase completamente com madeira.

Pesquisador

Ausência. Ligado ao Ministério das Cidades, o pesquisador responsável pelo estudo da Fundação João Pinheiro sobre déficit habitacional estava em viagem ao exterior, segundo a pasta.

Saiba mais

EstruturaA Fundação João Pinheiro considera moradias precárias as residências improvisadas e os domicílios rústicos – aqueles com madeira emparelhada ou sem paredes de alvenaria. 
Insalubridade. O estudo do órgão também apontou que, devido às condições de insalubridade, as edificações precárias causam desconforto e risco de contaminação por doenças.

Tendência.  Entre as regiões metropolitanas do Brasil, a de Belo Horizonte apresentou o segundo maior aumento (10,44%) no déficit habitacional entre 2007 e 2012, segundo estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no ano passado.

Fonte: O Tempo

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